Logo Tempo Energia

Qual a diferença entre matriz energética e matriz elétrica?

Introdução

Após o desfecho do século XIX o Brasil experenciou profundos avanços econômicos acompanhado de forma interligada com o progresso e crescimento do setor industrial e forte êxodo rural, este contexto demandou esforço no atendimento da intensa e rápida demanda energética que o país necessitava. Ao longo desse período podemos citar muitos empreendimentos de grande porte, destacando, por exemplo, usinas hidrelétricas (UHE) tais como Furnas e Itaipu, em conjunto com o desenvolvimento e aprimoramento do setor de petróleo e gás que asseguraram a performance econômica ascendente observada. Considerado então como um setor estratégico, o setor energético brasileiro é supervisionado e regulado por uma estrutura institucional complexa que age sobre as políticas determinadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) criado em 1960. Outro órgão importante é a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que anualmente realiza estudos para acompanhamento e análise do setor, dos quais pode-se citar o Balanço Energético Nacional, relatório que contabiliza, documenta e divulga a oferta e demanda energética do país.

Antes de analisar o consumo de energia no Brasil é necessário distinguir conceitualmente a matriz energética da matriz elétrica. De modo sucinto a matriz energética leva em consideração qualquer fonte de energia utilizada, isto é, inclusive, por exemplo, a energia proveniente dos combustíveis utilizados pelos veículos de transporte, enquanto a matriz elétrica contabiliza apenas o montante convertido em energia elétrica.

Matriz Energética

No gráfico de setores abaixo é possível observar discretizado as principais fontes em percentual do total energético, na qual é possível verificar que fontes não renováveis como petróleo e seus derivados, gás natural e carvão mineral que em conjunto são responsáveis por cerca de 53,3% de toda energia consumida no Brasil, ou seja, mais da metade é sustentada por fontes não renováveis e ambientalmente não benéficas.

gráfico matriz energética

Gráfico: Oferta Interna de Energia por Fonte

Fonte: Balanço Energético Nacional 2022 – ano base 2021

Essa característica do setor energético brasileiro nem sempre foi assim, pode-se observar que no passado o Brasil ainda consumia majoritariamente fontes renováveis de energia, porém, este consumo cresceu em menor proporção quando comparada a demanda energética de fontes não renováveis que cresceu intensamente, importante destacar que a medida de energia utilizada é a unidade TEP, que significa tonelada equivalente de petróleo.

gráfico matriz energética 2

Gráfico: Produção de Energia Primária

Fonte: Balanço Energético Nacional Interativo

Do ponto de vista setorial, atualmente, o uso energético para transportes é o segmento que mais consome energia no país, seguido pela indústria que em termos numéricos consome energia em magnitude muito próxima ao setor de transportes, nessa perspectiva é possível notar a profunda relevância da indústria no consumo de energia como um todo.

consumo energético por setor

Figura: Consumo Energético por Setor

Fonte: BEN 2022 – Relatório Síntese – Ano Base 2021

Matriz Elétrica

Se por um lado a matriz energética brasileira não é impressionante na perspectiva de utilização de recursos não renováveis e até mesmo do ponto de vista ambiental, a matriz elétrica por sua vez possui elevada e sumária participação de fontes renováveis com diferentes fontes e crescimento bem forte nos últimos anos das fontes intermitentes como eólica e solar, além da biomassa.

gráfico matriz elétrica

 Gráfico: Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte

Fonte: Balanço Energético Nacional 2022 – ano base 2021

Vê-se a enorme relevância e dependência da energia proveniente de usinas hidrelétricas para o sistema elétrico nacional, cerca de 56,8%, contrastando fortemente com a participação de 21,9% de fontes não renováveis, das quais cerca de 90% destas são fontes provenientes de petróleo ou gás, ressalta-se que o ano base de 2021 para o estudo da EPE foi um ano de escassez hídrica extrema na qual o setor elétrico utilizou em larga escala energia de usinas termoelétricas convencionais ao longo do ano, portanto, esta proporção não renovável é acima do que seria esperado como consumo em um ano típico.

Analisando por consumo setorial vemos que novamente a indústria é destaque e aparece como a principal consumidora de energia elétrica no país, com cerca de 11% acima do consumo residencial.

gráfico matriz elétrica 2

Gráfico: Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte

Fonte: Balanço Energético Nacional 2022 – ano base 2021

Conclusão

Entender as diferenças entre as matrizes é fundamental para planejar e implementar políticas públicas que acompanhem o crescimento do consumo do país de maneira sustentável. Apesar da nossa matriz energética ser predominante por fontes não renováveis, a matriz elétrica é um exemplo de como é possível desenvolver uma matriz diversificada e sustentável, capaz de atender às necessidades energéticas da população e impulsionar o desenvolvimento econômico do país. O sistema elétrico nacional em sua complexidade ao longo dos anos demandou e continua exigindo empreendimentos de geração, renováveis ou não exemplificados pela forte ascendência da geração eólica, solar-fotovoltaica assim como a mini e microgeração distribuída, aliado a necessidade de investimentos em sistemas de transmissão e distribuição dessa energia.

Últimos Posts
Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba conteúdos sobre o setor de energia, bem como as notícias mais relevantes do mercado.